No ambiente físico faltam rampas e calçadas adaptadas em milhares de ruas brasileiras. Basta olhar pela minha janela e constatar: um cadeirante ou cego não conseguiriam percorrer um metro sem tropeçar num desnível ou buraco. Se no físico está assim como estará à acessibilidade digital?
De acordo com Simone Freire, CEO da agência especializada Espiral Interativa e idealizadora do projeto Web para Todos, apenas 1% dos sites estão adaptados para deficientes. Essa porcentagem é muita baixa em relação ao número de brasileiros declarados deficientes.
Conforme dados divulgados em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil, cerca de 45.606.048 milhões de pessoas têm algum tipo de deficiência, isso é equivalente a 23,9% da população geral. Essa deficiência pode ser visual, auditiva, motora, mental ou intelectual. Segundo o censo do IBGE, a deficiência mais recorrente é a visual (18,6%), seguida da motora (7%), auditiva (5,10%), e, por fim, da deficiência mental (1,40%). Será que esta população não consome? Com certeza sim!
Será que 45 milhões de brasileiros não interessam para as empresas? Outra interrogativa com uma provável resposta: sim, interessa! Se as organizações então decidirem adotar a boa prática da acessibilidade digital não faltará profissionais especializados.
Por exemplo, o WCAG apresenta as diretrizes de como disponibilizar na web materiais que podem ser consumidos por pessoas com deficiência. Agências especializadas como Espiral Interativa, o Movimento Web para Todos e o Projeto Irmãos (criado em 2014 para reunir irmãos de pessoas com síndrome Down) são apenas alguns exemplos que podem auxiliar às empresas no desenvolvimento de projetos nesta área. Os sites podem ter ferramentas como um avatar para a Linguagem Brasileira de Sinais (Libras) e o recurso da audiodescrição (que fornece uma narração detalhada de aspectos visuais, como formas, tamanhos, cores, posições, ações, texturas e emoções. consiste em descrever os elementos visuais mais destacados dentro da apresentação que está sendo feita).
Importante lembrar que existe na legislação brasileira, as Leis Federais 10.098, publicada em 19/12/2000 modificada e atualizada pela Lei 13.146, de 06/07/2015, conhecida como Estatuto da Pessoa com Deficiência, destaque ao art. 63: “É obrigatória a acessibilidade nos sítios da internet mantidos por empresas com sede ou representação comercial no País ou por órgãos de governo, para uso da pessoa com deficiência, garantindo-lhe acesso às informações disponíveis, conforme as melhores práticas e diretrizes de acessibilidade adotadas internacionalmente”.
Portanto, se temos instituições dedicadas ao tema e legislação pertinente ao assunto, o que falta às organizações brasileiras tornarem a acessibilidade digital possível? Alguns argumentos para ajudar no convencimento junto aos gestores: a imagem da organização entre os stakeholders é fortalecida e os sites que possuem acessibilidade digital são melhores avaliados pelos sites de busca.
Para concluir, a decisão deve fazer parte da política global da organização onde a acessibilidade digital é somente uma etapa. Ela deve estar associada a outras metas entre elas, a contratação de profissionais com deficiência e o treinamento dos colaboradores para receberem estes profissionais. Aproveito para sugerir ao Marketing na Era Digital, na próxima turma, a acessibilidade digital #ficaadica.