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A vida imita o filtro ou o filtro imita a vida?

A vida imita o filtro ou o filtro imita a vida?
Amanda Pereira
jul. 7 - 2 min de leitura
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Lábios carnudos, olhos desenhados, rosto perfeitamente simétrico, nariz afilado, abdômen sarado, pernas grossas e uma lista infindável de possibilidades envoltas no mesmo intuito: a busca do belo e seu despertar de admiração.

Pode-se argumentar que a motivação é puramente pessoal, no entanto, em um mundo de padrões de beleza mascarados por filtros digitais, aonde começa e termina essa busca? Seriam os filtros uma realidade aumentada controlada por nós que diverte, mexe com o lúdico, tem objetivos bem definidos para nos fazer ampliar percepções, ou ainda, estamos tão acostumados com os filtros que eles mudaram a nossa percepção de realidade?

A camada virtual sobreposta ao mundo offline tem impactos reais na percepção de autoimagem. A mesma rede do body positive, "abraço às diferenças" e hashtag "sem filtro" promove padrões de beleza não apenas inatingíveis, mas pura ficção e são gatilhos de distúrbios de autoestima e cirurgias plásticas em massa, enquanto indústria da beleza lucra alto com a venda de produtos.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia, somente no primeiro trimestre de 2022 houve um aumento de 390% na procura por procedimentos estéticos em relação ao mesmo período do ano anterior. 

Levando em consideração que 55% das plásticas faciais foram motivadas por selfies, (Academia Americana de Plástica Facial e Cirurgia Reconstrutiva / AAFPRS), fica claro o quanto nossa percepção de autoimagem é afetada por essa nova realidade e o tanto que devemos debater e nos preparar para uma sociedade cada vez mais híbrida. 

Estamos vivenciando "Uma nova geração, cada vez mais depressiva e ansiosa, e que busca tratamentos estéticos inalcançáveis."

Se os filtros foram criados para atender uma demanda das pessoas ou se criamos as demandas a partir da experiência com os filtros, mais importante ainda é entendermos o novo humano e sua realidade cada vez mais mista, preservando nossa saúde mental e ditando as regras desse novo cenário. 

Não apenas discutindo até onde vai o real ou o virtual, mas entendendo que cada vez mais eles serão um só, onde a dose e o uso determinarão se remédio ou droga e como irão afetar nossas vidas hoje, e principalmente, nas futuras gerações. 


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