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FAÇO HOJE O MESMO QUE FAZIA HÁ 40 ANOS ATRÁS

FAÇO HOJE O MESMO QUE FAZIA HÁ 40 ANOS ATRÁS
Sergio Andres Mentlik
jan. 21 - 6 min de leitura
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Parece estranho e curioso escrever sobre isso, mas é a realidade.

Minha história profissional se confunde um pouco com a pessoal, creio que isso acontece com todos, mas o que acontece comigo é interessante, olhando do ponto de vista do MKT / MKT Digital.

Comecei minha trajetória profissional em 1977 trabalhando com meu pai em uma empresa que iniciava suas atividades, uma revendedora de componentes eletrônicos, produtos para manutenção de rádio, TV, Som, esquemas elétricos e livros técnicos. O objetivo era atender técnicos de Rádio e TV pelo Brasil afora.

Na época o mercado era fechado e a inflação ditava o dia a dia da economia. Era uma fase de filas nos postos de gasolina em véspera de aumento, filas nos supermercados no início do mês, pois os preços eram remarcados sucessivamente.

A empresa fazia anúncios em revistas especializadas, mandávamos mala direta pelo correio para base de clientes. Era pequena, as artes dos catálogos eram preparadas por nós, impressos em OFF SET em gráficas.

Os pedidos chegavam por carta e eram enviados pelo sistema de Reembolso Postal ou pela Varig.

O timing do envio do produto/recebimento do dinheiro, quando o pedido seguia pelo correio era alto. O produto era postado, o cliente tinha um tempo para retirar em sua agencia dos correios e ele por sua vez, centralizava os pagamentos em Brasília e demorava um tempo para nos pagar. O prazo médio deste ciclo era 45 dias. O dinheiro quando chegava, estava totalmente corroído pela inflação.  Evidente que nos precavíamos, pois no momento que elaborávamos os catálogos ou mandávamos os preços para as editoras, tentávamos “adivinhar” a inflação futura e precificar, de acordo, para que o pagamento quando chegasse, pudesse ter algum poder de recompra.

Quando o pedido era enviado via saudosa Varig, o ciclo envio/recebimento era menor, porém o frete era caro e poucas cidades eram atendidas pela companhia.

Meu pai faleceu precocemente em 1980. Meus irmãos estavam casados e fiquei com minha mãe, perfeita dona de casa, como eram as esposas daquela época.

Assumi a empresa com 20 anos, ainda na faculdade e com uma carreira de atleta que ocupava parte do meu dia e que prometia ser promissora, segui em frente.

Na década de 80 o cenário econômico só se agravou, inflação nas alturas, mas a empresa, nem sei como, resistia.

Tratei de modernizar os processos, o que parece cômico para os dias de hoje. Compramos um mimeografo elétrico, que nos permitia imprimir nossos catálogos e abolir o alto custo das gráficas. Lembro da minha esposa me ajudando, grávida de nossa primeira filha.

Os cadastros dos clientes eram feitos em fichas, arquivadas em armários de ferro. Eram levadas até uma profissional que datilografava em máquina elétrica as etiquetas com os nomes dos clientes, para o envio dos catálogos pelo correio. Greves dos correios, não faltaram.

Depois de um tempo, com esforço, comprei uma máquina elétrica.        

A década de 90 se iniciou com Fernando Collor presidente, abertura da economia e o começo do fim da empresa.

O mercado de manutenção começava a morrer, pois as pessoas não mais reparavam os eletrônicos e sim compravam novos, pois a abertura comercial começava a derrubar os preços.

A partir de 1990 os computadores começaram a sua invasão. Todo cenário da dificuldade do mercado, da mudança estrutural que deveria fazer, dos investimentos, me fez repensar o negócio, e concluir que era o momento de encerrar.

Nos mudamos em 1992 para uma capital do Nordeste em busca da tão famosa qualidade de vida.

Retornamos em 1996, trabalhei em alguns segmentos. Em 2002 fui contratado como diretor comercial por uma empresa de tecnologia, iniciando suas atividades no Brasil, capital misto entre americano e nacional. Como diretor comercial tinha como foco montar uma rede de revendas, integradores e grandes usuários, no segmento de automação comercial e bancária. Fiquei 15 anos.

A partir de 2017, trabalhei como diretor comercial em uma empresa nacional de Automação e observei que key accounts tinham comércios eletrônicos e isso me chamou a atenção.

Sempre achei que produtos de tecnologia se comercializam através de vendas consultivas. Hoje, em 2021, acho que sim e não.

Comecei a planejar e estudar um negócio.

No final de 2019 me desliguei da empresa e comecei a montar um comércio eletrônico ciente de que a venda de produtos de automação é sim consultiva, mas em determinadas situações uma commodity.

Subi um comércio eletrônico em Janeiro de 2020. Após 1 mês, chegou a pandemia. Do ponto de vista profissional, a morosidade dos negócios em 2020 me permitiu compreender melhor o universo no qual estava entrando.

- Não anuncio em revistas especializadas – faço Adwords e SEO.

- Não envio catálogos pelo correio – faço e-mail MKT.

- Não faço os próprios catálogos - tenho uma web designer terceirizada.

- Não uso páginas amarelas para prospectar – vou ao Google.

- Não arquivo clientes em fichas – tenho ERP.

- Não recebo pedidos por carta – recebo no comercio eletrônico.

- Tenho acesso a expor produtos em grandes varejistas – utilizo Marketplaces.

- Utilizo os correios para envios, porém não preciso implorar que me pague, recebo com cartão de crédito ou boleto.

Faço hoje, muito feliz, o mesmo que fazia há 40 anos atrás porém de forma diferente.

 


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