É indiscutível que passamos por um momento mercadológico de profundas mudanças. As inovações tecnológicas democratizaram e otimizaram processos, a globalização multiplicou o número de concorrentes, o consumidor tornou-se mais exigente e menos fiel, os sistemas de logística diminuíram os prazos de entrega, as relações trabalhistas vão se rendendo à terceirização ou startups.
Inúmeras empresas enxergam a salvação na tecnologia e no marketing digital. Como se fosse uma receita de bolo, em que basta juntar alguns ingredientes prontos e o sucesso está garantido.
E a gestão das empresas? Está acompanhando e se adequando às novas realidades?
Não é difícil vermos notícias de grandes corporações passando dificuldades porque suas decisões estratégicas foram inadequadas ao responder ao mercado. Boa parte deste insucesso está atrelado à incapacidade das empresas em responderem de forma ágil às mudanças situacionais e criarem sucessores. Mais do que nunca, o conhecimento tornou-se sinônimo de poder e os líderes atuais tem medo de perderem sua supremacia e por isso restringem a difusão do saber. Há uma forte tendência em administrar o presente com visões e soluções do passado. O próprio conceito de passado sofreu alterações, uma estratégia usada em um lançamento de produtos em um ano, torna-se obsoleta com a entrada de novos concorrentes ou por causa de uma crise econômica em outro país.
Também é frequente a ascensão profissional baseada apenas em números, onde aquele que produz ou vende mais, torna-se gerente. Com isto, perde-se grandes técnicos e ganha-se péssimos gestores.
As habilidades gerenciais são compostas de muitas variáveis que vão além do domínio dos procedimentos. Para enriquecer a formação dos novos talentos e sucessores da empresa, não se deve negligenciar o desenvolvimento das competências emocionais, uma vez que estas habilidades são determinantes para o momento que passamos:
- Adaptabilidade: O conceito de aprender, desaprender e reaprender nunca foi tão claro. A tecnologia avança a passos enormes e as inovações transformam nossa vida diariamente. Profissionais que tenham resiliência, que saibam se adaptar e que possam assimilar novas atividades, são condições para a preparação das empresas do futuro.
- Visão Crítica e Foco na Solução: Acabou o período em os 'chefes' detinham todo o poder e suas equipes apenas obedeciam. O engajamento de todos é primordial, permitindo que análises e soluções rápidas sejam implementadas.
- Poder de Análise: O acesso às informações é cada vez mais intenso, dados e conteúdos chegam às pessoas por diversos canais, as mídias sociais são uma realidade quase obrigatória na vida da população. Receber, analisar e traduzir este conhecimento em prol da estratégia da organização é um grande desafio. Fora isto, as “fake news” tornam este processo mais delicado e complexo.
- Habilidades sociais: Não basta ter boas ideias e conhecimento se o processo de comunicação entre as pessoas for truncado e/ou ineficiente. O saber compartilhar e multiplicar o conhecimento, fomentar a integração e criar ambientes agradáveis, também ganharam suma importância. Valores éticos como empatia, transparência, lealdade, integridade e confiança, são cada vez mais necessários para a sustentabilidade das organizações.
É recomendável a revisão da postura das equipes gerenciais, uma vez que saímos da fase “eu mando, você obedece”, a realidade pede uma gestão mais aberta e com menos níveis hierárquicos. A atuação do líder é de extrema relevância. As equipes buscam e valorizam a atuação do gestor que desenvolve talentos, apoia, treina, coordena, confia. Atualmente o trabalho é colaborativo, pede engajamento, autonomia, inovação e soluções rápidas. Mais do que nunca, os gestores precisam trabalhar para que as diferenças e potenciais individuais sejam utilizados para se complementarem e gerar uma sinergia no trabalho. Permitir que o propósito individual esteja em consonância com os objetivos da empresa.
Antes de qualquer mudança estratégica, principalmente para implementar um projeto de marketing digital, as empresas devem buscar uma sintonia maior através da requalificação de posturas, processos, foco na solução, engajamento, propósito. Mais uma vez, fica muito clara a importância da gestão adequada, do líder que assume suas responsabilidades e ensina pelo exemplo.
Não seria exagero afirmar que as empresas são como organismos vivos em constante evolução, mas isto é tema para um próximo texto...