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Interação com o público: o que aprender com o caso Sidão

Interação com o público: o que aprender com o caso Sidão
Victor Waiss
jun. 19 - 8 min de leitura
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As redes sociais estão mudando a forma como todo mundo está se comunicando. Até mesmo meios mais tradicionais, como o rádio e a televisão, estão se adaptando à nova forma de interação com o público.

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Um dos maiores desafios quando lidamos com algo novo é justamente entender como ele funciona e qual a melhor forma de utilizá-lo. Isso pode acabar gerando alguns percalços, o que, no fim das contas, contribui para a evolução da ferramenta.

Amigo internauta

Não é de hoje que as transmissões de futebol contam com o apoio do usuário de internet. Seja o fã de esporte ou amigo internauta, o que importa é que, usando as redes sociais, muitas pessoas comentam o que está passando ao vivo na televisão.

O que começou com as cartas, passou para o telefone, depois para o e-mail, e finalmente chegou nas redes sociais. Entre elas, o Twitter é quem tem a maior popularidade para as interações ao vivo, onde as pessoas participam por meio de hashtags e interações com os perfis de programas, apresentadores e convidados.

Entretanto, a forma como essa participação acontece varia muito de canal para canal. Alguns preferem deixar as mensagens aparecendo pela tela, para que o telespectador leia enquanto o programa acontece. Já outros, optam que elas sejam lidas pelos apresentadores ou narradores durante um jogo ou debate.

De uma maneira ou de outra, a interação com os usuários parece ser um caminho inevitável.

Voto aberto é uma das formas de interação com o público

Desde (quase) sempre as votações são boas maneiras de se tomar uma decisão. Seja algo mais sério, como uma eleição, ou até mesmo o vencedor de um reality show, a decisão popular sempre é uma boa alternativa para chegar a uma decisão.

Com essa ideia em mente, a Rede Globo criou neste ano o prêmio “Craque do Jogo” para as transmissões do Campeonato Brasileiro de futebol. Como diz o nome, a eleição é feita para premiar o atleta de mais destaque durante a partida. Essa enquete era feita por meio do site GloboEsporte.com e o resultado anunciado pelo narrador durante os instantes finais da transmissão da TV.

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A ideia é boa, pois promove a interação do usuário de internet com o que ele está vendo na televisão. Porém, a execução acabou enfrentando alguns problemas, o que aparentemente não estava nos planos da emissora quando criou a votação.

Como a eleição era de voto exclusivo do público, sem nenhuma interferência até então da equipe da emissora, o que era algo divertido se tornou um problema dos grandes. O pior, tudo foi ao vivo e em rede nacional.

Craque do Jogo: O caso Sidão

No dia 12 de maio de 2019, um domingo, aconteceu mais uma partida válida pelo Campeonato Brasileiro. Em São Paulo, Santos e Vasco se enfrentaram em momentos opostos. Como de costume desde o início da competição, a votação para decidir quem levaria o troféu de melhor jogador estava no ar.

Qualquer jogador que estava em campo poderia ser escolhido. Independentemente se jogou bem ou mal, a votação era democrática e podia premiar qualquer um. Em melhor momento, o Santos não tomou conhecimento a aplicou o placar clássico, 3x0.

Durante o jogo um dos destaque negativos foi o goleiro vascaíno Sidão. Conhecido por suas passagens por Audax, Botafogo e São Paulo, ele estava tendo um daqueles dias para se esquecer. Falhou em um dos gols e apresentou insegurança durante a partida. Jogou mal, nada que fizesse por merecer ser escolhido o destaque do jogo.

Ao decorrer da partida, milhares de internautas perceberam ali uma oportunidade de brincar com a situação. Ao invés de escolher quem realmente jogou bem, como o santista Rodrygo, que tal votar em quem mandou mal e “trollar” a votação?

O escolhido foi Sidão.

Algumas páginas de humor incentivaram para que seus seguidores votassem em massa em Sidão. A ideia era ver qual a seria a reação: será que iriam entregar o troféu? Ele iria aceitar ou recusar? Seria engraçado ver tudo isso acontecendo?

A votação terminou com impressionantes 89,96% de votos para Sidão. Em um dos piores dias da carreira, ele teria que receber o irônico troféu de craque do jogo.

Ao final do jogo, conforme o protocolo, a repórter entregou o troféu para um abatido goleiro. Educadamente, ele recebeu e agradeceu mesmo assim. Não importava mais, o estrago já estava feito.

O pior sempre pode acontecer

Toda boa ideia, ainda mais quando se leva em conta o comportamento na internet, deve ser bem avaliada antes de torná-la real. É claro que em um país como o Brasil, com o DNA da brincadeira e da zoação entre amigos, uma votação aberta poderia ser impactada por ações como essa.

Um simples votação colocou a emissora na berlinda. Existiam dois caminhos: entregar o troféu e seguir a programação normal ou admitir que as coisas saíram do controle e não realizar a entrega. Isso tudo com uma partida acontecendo, milhões de pessoas assistindo e poucos minutos para tomar uma séria decisão. No fim das contas, a primeira opção foi escolhida.

Mesmo que a intenção não fosse denegrir a imagem do atleta, foi isso que acabou acontecendo. Logo após a transmissão, o comentarista Walter Casagrande Junior usou as redes sociais para se manifestar contrário à decisão de entregar o prêmio. “Eu quero pedir desculpas ao Sidão por essa ironia de mau gosto com esse troféu ridículo” disse o ex-atacante.

Mais tarde, a emissora, em pelo menos duas oportunidades, pediu desculpas publicamente pelo ocorrido. Uma delas no site onde a votação ocorreu, e a outra no programa Fantástico, durante o quadro dos gols da rodada.

Diversas personalidades do esporte acabaram se manifestando sobre o ocorrido e muitos internautas admitiram que a brincadeira passou dos limites ao constranger publicamente uma pessoa  durante seu trabalho.

Depois disso, a eleição foi mantida, mas teve seu formato alterado. O voto do público passou a ter o mesmo peso que o do comentarista. Em caso de empate, quem decide é o narrador.

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Usar a interação com o público e chamar o espectador para participar ativamente é algo que deve ser cada vez mais comum. O que este caso nos ensinou é que nem sempre dá para apostar na boa vontade de quem está do outro lado, e que ainda assim podem acontecer imprevistos.

Isso não significa que não devem mais existir votações abertas ou qualquer forma de manifestação do público, mas sim que estas condições devem ser bem pensadas. Às vezes você premia o melhor, em outros casos isso não acontece. Neste caso foi uma boa ideia, que deu errado.

Para ter sucesso é preciso entender o público que vai participar de qualquer ação. Assim, você consegue ter a melhor interação, de acordo com o perfil dos seus espectadores. Não existe um formato melhor ou pior, e sim o mais adequado para cada situação.


O que achou deste caso? Lembra de alguma outra situação parecida? Deixe seu comentário e nos conte mais sobre o que você achou.


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