“Vivendo e aprendendo a jogar/ Nem sempre ganhando/ Nem sempre perdendo/ Mas aprendendo a jogar.”
Guilherme Arantes
Mitikazu Lisboa diz que jogar faz parte da natureza humana. Como está na música do Guilherme Arantes, bem conhecida na voz da Elis Regina, viver é um jogo.
Quando falamos em gamificação, lembramos muito das opções eletrônicas (talvez pela derivação do videogame) já que o termo é bastante utilizado para explicar engajamento em aplicativos juntando pontos, por exemplo. Porém o significado vai além. Simplesmente usar elementos dos jogos para engajar pessoas para atingir um objetivo já é gamificação. Até uma pulseira com berloques colecionáveis com as fases da vida pode ser encaixado na ideia.
Na escola jogar faz parte tradicionalmente da Educação Física. Mas na pedagogia atual o professor deve explorar o protagonismo do aluno em busca do seu conhecimento utilizando metodologias ativas. Os jogos estão presentes em qualquer disciplina, principalmente com os pequenos para alfabetização e as primeiras noções de matemática.
Para explorar o lúdico em sala de aula, os professores fazem trabalhos incríveis. Ouso a dizer que pelos desafios diários, muitos podem ser classificados como profissionais em gamificação. Tampinhas, caixas de ovos, garrafas PET se transformam em desafios que ensinam crianças a desenvolver as habilidades desejadas. Onde muitos enxergam lixo, os professores enxergam possibilidades.
Faço esta reflexão acompanhando na televisão as Olímpiadas de Tóquio. Hoje o Ítalo Ferreira ganhou o ouro no surfe. A notícia do dia é a história de superação de um menino que começou a surfar em uma tampa de caixa de isopor do pai pescador.
Em nosso país, o jogo da vida para a maioria é mais perdendo do que ganhando. No entanto, jogar é tão natural que acontece apesar das diversidades. Professores com baixos salários oferecem jogos para as crianças do jeito possível. Pouco investimento em esportes desperdiça a descoberta de muitos talentos. Quantos Ítalos temos por aí?
Podemos considerar que a gamificação tem poder transformador. Seja em sala de aula ou na Olimpíada, os jogos servem para mudar realidades. Está na pedagogia, está nos esportes. É muito mais do que engajamento em aplicativos.
Imagem: Entrevista com Ítalo Ferreira na minha TV