Quando falamos em IA, precisamos lembrar que moramos num país em que, segundo a PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) do IBGE, uma pesquisa realizada em 2018, relativa ao acesso dos domicílios brasileiros à Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), apontou que uma em cada quatro pessoas no Brasil não tem acesso à internet. Isso representa cerca de 46 milhões de brasileiros sem acesso à rede.
Em áreas rurais, o índice de pessoas sem acesso à internet chega a 53,5%, contra 20,6% em áreas urbanas. Além disso, a maioria dos integrantes das cooperativas de agricultura familiar são leigos em tecnologia digital e possuem pouco ensino formal.
O uso da Inteligência Artificial (IA) pode auxiliar a agricultura familiar, em todas as fases da cadeia produtiva, inclusive na comercialização, porém para isso é necessário um investimento maior em tecnologia no campo e em educação digital, principalmente para o público jovem, que pode futuramente assumir postos de trabalho nas cooperativas.
Um dos benefícios da IA, é ajudar a entender melhor o consumidor. Quanto mais entendermos o nosso público, maior a chance de traçar estratégias realmente efetivas. No entanto, nas cooperativas de agricultura familiar, as ferramentas usadas para esse fim, devem possuir interface amigável e intuitiva para que os cooperados não tenham problemas na sua utilização.
Outro fator que precisa ser resolvido, antes de investir na IA na agricultura familiar é a falta de dados, não adianta investir em ferramentas de excelente qualidade, se não existe dados, elas não tem o que fazer. Por isso, o primeiro passo é organizar os dados dos cooperados, do funcionamento dos processos, dos clientes, fazer um levantamento dos dados da cooperativa e quais são os dados que precisam ser adquiridos.
E o mais importante disso tudo, estar ciente de que não adianta ter uma infinidade de tecnologia, se a cooperativa não souber qual é o problema que precisa ser resolvido.