“Em todos os aeródromos, em todos os estádios, no ponto principal de todas as metrópoles, existe – e quem é que não viu? – aquele cartaz...
De modo que, se esta civilização desaparecer e seus dispersos e bárbaros sobreviventes tiverem de recomeçar tudo desde o princípio – até que um dia também tenham os seus próprios arqueólogos – estes hão de sempre encontrar, nos mais diversos pontos do mundo inteiro, aquela mesma palavra. E pensarão eles que Coca-Cola era o nome de nosso Deus!” Mario Quintana
O texto do poeta gaúcho Mario Quintana chama-se “O Supremo Castigo”. Ainda na infância o li numa época em que realmente o logo da Coca-Cola estava pintado em todo lugar. Fazia todo sentido.
Assistindo a aula da Martha Gabriel sobre Ambientes Imersivos, mais especificamente sobre transmiedia storytelling, logo lembrei deste texto. O trabalho de marca da Coca-Cola continua incrível, atravessando décadas, mesmo com toda má fama dos refrigerantes nos últimos tempos. A união de um investimento em marca, um propósito forte e uma distribuição que alcança o mundo todo podemos dizer que sim, a Coca-Cola ainda poderia ser considerada nosso Deus pelos arqueólogos do futuro.
O propósito Coca-Cola é a felicidade. É a marca que criou a imagem do Papai Noel que conhecemos. Quer algo mais feliz? Depois de um dia agitado, beber uma coquinha gelada é sinônimo de alegria. Todas aquelas histórias que o refrigerante é tão nocivo que serve como um ótimo desentupidor de pias não mexeram em nosso desejo.
Quando eu tenho que explicar para algum leigo porque uma marca é importante, uso sempre o exemplo da Coca-Cola. Por que tenho que ter um padrão visual? Por que preciso um propósito? O líquido preto doce com um rótulo vermelho e branco que todo mundo conhece ajuda a entender. Até quem não gosta de refrigerante entende.
Faz muito tempo que a Coca-Cola está na nossa história. É um transmedia que que alcança várias gerações. Mesmo perdendo algumas posições entre as marcas mais valiosas do mundo, ela faz parte de lembranças felizes. Ou tristes. Porque falando desse assunto também lembrei de uma notícia de 2008 sobre uma funerária na África que fazia caixões em formato de garrafa de Coca-Cola. Seria o segredo da felicidade eterna?
Imagem: Unsplash, James Yarena