Bocejo. Você está bocejando agora ou sentindo os primeiros sinais de um bocejo? Eu estou, e não porque estou entediado, ou cansado de escrever sobre o cérebro, mas simplesmente porque acabei de digitar a palavra bocejo. Está vendo? Os neurônios-espelho se ativam não apenas quando estamos observando o comportamento de outras pessoas, mas disparam quando estamos lendo a respeito de alguém que está adotando tal comportamento
Muitos estudos apontam as influências do cérebro na tomada de decisão de compra das pessoas, e como as marcas utilizam desses recursos para conectar com seus clientes.
Nós seres humanos estamos sempre aprendendo uns com os outros por nossa capacidade de reconhecer intenções e emoções. Quantas vezes em dias quentes estamos no local de trabalho e um colega de sala chega com um copo de açaí e instantaneamente sentimos o desejo de tomar açaí? Logo começa um agito para decidir quem será a pessoa do grupo que irá comprar para os demais. O mesmo acontece se alguém do nada comenta que está com vontade de comer uma pizza, um bolo diferente ou, um doce.
Pode ter acontecido que após assistir um filme de ação, você tenha saído do cinema andando com passos firmes e braços um pouco abertos sentindo-se poderoso. Ou mesmo ter passado horas e ainda sentir forte emoção quando se lembra de uma cena marcante. E essa emoção não precisa ser necessariamente tristeza, pode ser alegria, daquela que te faz dar altas gargalhadas todas as vezes que se lembra do filme.
E por falar em riso, esse é um ótimo exemplo. Quem nunca comentou que passou um dia incrível com a família ou melhores amigos porque todos estavam muito felizes? O riso e a felicidade são contagiantes. O mesmo acontece ao contrário: Quando se está entre pessoas tristes ou mal-humoradas, depois de um tempo, mesmo que você tenha começado seu dia super bem, ao permanecer neste ambiente sentirá tristeza.
Se duas crianças bem pequenas estão juntas e uma começa a chorar, em pouco tempo a outra também estará chorando mesmo sem motivo. Se uma chega com um brinquedo novo então! É questão de segundos, a outra vai querer um igual de qualquer jeito.
Numa roda de jovens amantes de games, se um chega comentando a respeito de um jogo lançado no mercado, acredito que não precisará de semanas para que os outros do grupo comprem ou procurem assistir todos os vídeos no YouTube que falem sobre o jogo.
Vivemos a era das séries e filmes, e quem não fica ansioso para o lançamento da próxima temporada da sua série favorita? Se ela for sobre algum livro ou jogo então... se o mercado lançar um formato de qualquer produto, físico ou digital com o tema da série, com certeza você vai querer comprar.
Os responsáveis por esses e diversos outros comportamentos são os neurônios-espelho, descobertos pelo cientista italiano Giacomo Rizzolati em 1992. Suas pesquisas comprovaram que os neurônios-espelho são ativados quando alguém está realizando uma ação e, também, quando uma pessoa observa a ação de outra. O mesmo acontece quando lemos algo que nos faz sentir as mesmas sensações, como descrito no trecho do livro, A lógica do consumo - Martin Lindstorm, citado no início deste artigo.
Sabendo disso, os profissionais de marketing podem trabalhar suas campanhas desenvolvendo ações que despertem em seus clientes empatia com a marca. E, mais que isso, fazer com que as ações desses clientes sejam repetidas por outros.