Um dos consensos sobre uma comunidade de marca é que ela não deve ser usada para vender nenhum produto. Mesmo que seja tentador, criar um ambiente desse tipo exclusivamente para aumentar seus lucros, não é uma boa prática. Mas, e se no meio do caminho surgir a possibilidade de criar um e-commerce a partir da comunidade?
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Comumente vemos lojas online criando ambientes para envolver e engajar ainda mais os clientes, seja em uma comunidade ou mesmo nas redes sociais. Já o contrário, ou seja, uma comunidade ampliar a atuação de um e-commerce, ainda não é uma prática muito comum.
Tudo depende da aceitação dos usuários da comunidade. Mesmo que seja para vender, eles devem entender que o e-commerce foi concebido sob a mesma plataforma — obviamente os mesmos ideais — que já existiam no ambiente anterior.
A comunidade a partir do comércio eletrônico
No início de 2018, a gigante Netshoes passou por um sério problema de vazamento de dados. Mesmo não tendo afetado os números de cartões e contas dos usuários, o Ministério Público determinou que a empresa consertasse a situação entrando em contato individualmente com cada cliente envolvido pelo caso.
A solução poderia ser muito mais eficiente se houvesse uma comunidade em torno da marca. Além de facilitar a comunicação, já que uma mesma mensagem poderia atingir um número grande de usuários, a conversa gerada a partir das interações também poderia ser útil para a empresa compreender melhor seus clientes.
Essa relação que existe entre a empresa e os usuários, facilita e muito na hora de lidar com questões delicadas, como um vazamento de dados ou qualquer outra polêmica semelhante.
Caminho inverso: da comunidade para o e-commerce
Imagine uma comunidade de corredores. Pessoas que discutem todos os dias sobre os principais aspectos do esporte, trocam dicas sobre performance e equipamentos, entre outros assuntos. A ideia de oferecer produtos para eles realmente é muito tentadora, mas é preciso cuidado.
Antes de tudo lembre que a comunidade surgiu como um ambiente de discussão e não de vendas. Para ter sucesso, é fundamental não esquecer esse espírito mesmo em outros projetos relacionados.
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Para criar uma loja virtual a partir do seu grupo é preciso que ela transporte também para o processo de compra, toda a experiência que o usuário já tinha na comunidade. Isso significa que o gestor, e sua equipe, devem adotar valores e linguagem próximos aos que eram praticados, assim os consumidores se sentirão mais confortáveis na hora da compra.
Como fazer uma loja virtual a partir da minha comunidade?
Uma pesquisa de dezembro de 2017, da Namagoo, empresa especialista na jornada de compra do usuário, apontou alguns itens importantes para qualquer e-commerce que deseja ter sucesso. Abaixo, destaco os que considero os principais quando falamOs de lojas virtuais originadas a partir de uma comunidade.
Imagens dos produtos
Imagens são essenciais para concretizar uma venda na internet. Nesse caso elas devem, de preferência, seguir os padrões da comunidade. Se possível, com o complemento de fotos dos produtos sendo utilizados pelos consumidores.
Essa estratégia incentiva a participação e mostra que o que está sendo ofertado foi aprovado por outros usuários. No Brasil, a loja online da Adidas é uma das que costuma postar fotos dos clientes usando os produtos. É o que também se chama no marketing digital de “prova social”.
Análise dos produtos
Se as pessoas já comentam sobre os produtos na comunidade, nada mais justo que esse espaço ter destaque também. Dessa maneira você reforça a prova social e mantém o espírito da comunidade e da colaboração dentro do e-commerce.
Descrição dos produtos
Toda loja virtual precisa apresentar uma boa descrição para cada um dos seus produtos, que contemple todas as informações necessárias para o cliente. No caso das lojas que nascem a partir de uma comunidade, a lógica não deve ser diferente.
O que muda aqui é a maneira como você irá escrever essas informações.
Como o seu grupo foi criado para que pessoas comentem e debatam sobre determinado tema, a descrição do produto não deve ser apenas das características dele, mas também sobre como ele irá fazer a diferença na vida do consumidor. Lembre-se que não é apenas um e-commerce, e sim uma extensão da sua comunidade.
Processo fácil de checkout
Se o comprador for participante da comunidade, facilite o processo de checkout e limite o processo apenas às etapas essenciais. Imagine como seu cliente ficará satisfeito ao saber que poderá pular toda aquela parte chata de cadastro, e seguir direto para o pagamento e a confirmação dos dados de entrega?
Esse simples gesto demonstra atenção e confiança por parte da sua empresa. Ela diz: “Eu confio em você, não precisa fazer seu cadastro novamente”.
Outros pontos importantes:
Busca fácil: como em qualquer bom e-commerce, seu cliente deve encontrar rapidamente os produtos que procura.
Navegação simples: simplifique a organização dos produtos e não deixe seu cliente ficar perdido no site sem encontrar o que precisa.
Desktop e mobile: comprar nas duas plataformas deve ser simples e prático para todos.
Formas de pagamento: quanto mais opções disponíveis, melhor será para quem está comprando.
Lembretes: mantenha uma boa comunicação com os participantes da comunidade, e ocasionalmente entre em contato para falar de novidades e promoções.
Vídeos: não deixe que seu cliente procure o YouTube para ver um vídeo do produto. Ofereça você este tipo de conteúdo sobre seus produtos e sua loja.
Oferecer conteúdo relevante para uma audiência interessada é um esforço que pode ser determinante para uma boa performance de vendas no e-commerce. Quando feito a partir de uma comunidade, esse trabalho humaniza a marca, aproxima a empresa do cliente e potencializa ainda mais a prova social a partir das interações entre os participantes.
Se você já trabalha com comércio eletrônico, estude a possibilidade de investir em uma comunidade. Com certeza as possibilidades de ganho serão imensas. Se a sua jornada começou com a comunidade, independentemente do objetivo dela, procure entender o comportamento dos usuários, seus desejos e necessidades. É essa compreensão que pode te indicar o caminho para o surgimento de uma loja virtual a partir da comunidade.
Gostou das nossas dicas para abrir um e-commerce a partir da sua comunidade? Além deste assunto, eu e a equipe Duopana, sempre estamos por aqui falando sobre comunidades, estratégia online e marketing digital. Tudo isso aqui no Marketing de Engajamento. Aproveite e confira!