O varejo brasileiro foi transformado em meados da década de 50 quando surgiu o conceito de autosserviço, ou o famoso supermercado. Até aquele momento as compras eram feitas nas famosas vendinhas, em alguns locais chamados de empório ou armazém. Todos com a principal característica de terem um balcão de atendimento onde as pessoas pediam para um atendente o que precisavam ou passavam sua lista de compras. O advento do supermercado quebrou essa barreira física, destravando a compra por impulso, ao colocar o consumidor de cara com uma infinidade de itens, muitos que ele nem sabia que existiam.
Nos idos dos anos 90 coube ao Pão de Açúcar inovar no varejo criando alternativas como o delivery e compras pela internet via CD – isso ainda na época da internet discada. Logo novas ferramentas focadas no consumidor surgiram no mundo e foram adotadas – uma muito importante foi o Gerenciamento de Categoria – o famoso GC do varejo. Aqui a preocupação com o consumidor passa a fazer parte do centro da metodologia de definição do mix – o que será ofertado ao cliente – um passo importante para a visão migrar da indústria, indo para o varejo. Tive a oportunidade de participar de um dos primeiros projetos desses.
Outra linha interessante que participei foi um dos primeiros processos de mapeamento de loja com base em ocasião de consumo, no sistema Coca-Cola, nos idos dos anos 2.000. O conceito criado era o OBM – ocassion based marketing ou marketing baseado em ocasião de consumo. Através dele, cada missão de compra era mapeada e os produtos e locais de exposição eram trabalhados para oferecer o item do portfólio na marca e embalagem mais adequada – indo da missão rápida (lanche ou almoço) até a famosa compra de abastecimento mensal – que ocorria imediatamente após o pagamento do salário.
Tá bom, é o que isso tem a ver com o assunto? Tudo! Cada passo brevemente descrito acima teve como resultado mais conhecimento sobre o consumidor e seu comportamento. As teorias construídas e colocadas em prática ainda são base para o mapeamento da jornada do cliente.
Ainda hoje vemos a experiência da Tesco na Coréia do Sul, com sua inovadora proposta de levar o supermercado de forma virtual para as estações de metrô, como algo de muito impacto. Isso pude comprovar em minhas turmas de MBA – porém, é uma ação de 2011, e a Tesco já vendeu sua operação e saiu do país.
Mesmo com o risco de fazer um salto muito grande no tempo, nas mudanças e na tecnologia, vemos hoje os mundos on e off cada vez mais próximos, tornando a nova fronteira para empresas e marcas. Bem-vindo ao mundo Phigital, que, como o nome diz, une os mundos físicos e digitais – até por não fazer mais nenhum sentido separar as coisas, ainda mais após a forte aceleração das mudanças após mais de um ano de pandemia.
Um exemplo recente são as lojas de sétima geração que o Grupo Pão de Açúcar tem expandido – nelas vemos diversos dos conceitos discutidos e também a adoção de tecnologia para tornar a vida do consumidor mais simples – tornando um dos pilares dessa nova experiência de compras como o Pre-Scanning, onde o consumidor é direcionado para os caixas de acordo com a quantidade de itens e a demanda dos operadores. Tudo visando entregar a melhor experiência ao consumidor, afinal é sempre importante lembrar que atrás de um computador um celular existe uma pessoa.
Referências:
http://apasshow.com.br/blog/index.php/2020/01/07/gpa-expande-setima-geracao-de-lojas-pao-de-acucar-e-planeja-2020/