Com o isolamento social provocado pela pandemia, a audiência nas redes sociais aumentou e também alterou sua agenda de conteúdos. Com mais audiência e novas preocupações, todas as redes sociais criaram formas de alertar para informações a respeito da Covid-19, mas tiveram uma nova batalha pela frente: as fake news.
Porém, além da guerra da desinformação, houve também uma batalha pela informação precisa, científica e segura, e aos poucos, com a pandemia não sendo mais uma novidade e sim uma realidade, as pessoas começaram a aprender onde e como encontrar informações corretas sobre a doença. Porém, ainda há uma longa caminhada para a derrota total das informações falsas.
A disseminação da desinformação
Uma pesquisa online com 23.500 pessoas de 18 a 40 anos em 24 países*, conduzida pela Pollfish, em conjunto com a Wunderman Thompson, Universidade de Melbourne, e em colaboração com a Organização Mundial da Saúde (OMS) revelou que “o desdobramento da pandemia COVID-19 demonstrou como a disseminação da desinformação, amplificada nas redes sociais e outras plataformas digitais, está se revelando uma ameaça à saúde pública global tanto quanto o próprio vírus”.
A mesma análise, expõe o paradoxo presente nas redes sociais desde seus primórdios: “os avanços tecnológicos e as mídias sociais criam oportunidades para manter as pessoas seguras, informadas e conectadas. No entanto, as mesmas ferramentas também possibilitam e amplificam a infodemia atual que continua a minar a resposta global e compromete as medidas de controle da pandemia”.
Conteúdos e comportamentos
Os principais insights deste estudo estão todos ligados à forma como os cidadãos destas idades (Gerações Z e Y) se informam e interagem com suas redes de informação, entre elas as redes sociais, e traz alguns destaques muito interessantes do ponto de vista do consumo de conteúdos informativos.
Meios de aquisição: A internet aparece nas primeiras posições como fonte de informação sobre a Covid-19. Apesar de perder para “jornais nacionais, televisão e rádio”, os motores de busca estão em 2º lugar e as mídias sociais em 4º (e o estudo diz que “o conteúdo de mídia social da mídia tradicional (34,2%) também é popular, assim como o conteúdo de mídia da OMS (31,5%)".
Este ambiente multifontes e multiformatos também inclui especialistas em saúde e ciências (28,8%) e fontes governamentais (28,3%)”. Aqui o interessante notar que, no momento do desespero, o conteúdo referenciado pelos meios tradicionais, a “grande imprensa”, acabou sendo um local seguro para receber conteúdo checado e seguro.
Conteúdos postados: Segundo a pesquisa, as pessoas na faixa de idade de 18 aos 40 anos parecem ter uma percepção mais complexa das informações sobre a doença na pandemia. Mas isso muda muito de país para país. Na média geral, a informação que este público postaria em redes sociais está, pelas respostas que deram, ligada a conteúdos científicos.
Porém, na análise feita pelos pesquisadores, outro itens aparecem como “Relevante para mim” (36,7%) e conteúdo “preocupante” (28,5%). Mas os formatos mostram onde pode estar o problema informacional. O texto ou vídeo na forma “narrativa” (20,8%), que “cria uma reação emocional” (18,2%) e “é humorística” (18,1%) revelam que comportamentos de inclusão de grupo e de busca de audiência podem se sobrepor à preocupação pelo conteúdo seguro e verificado. Assim, a pessoa cai na armadilha da informação superficial ou até na desinformação.
A apatia como problema: É claro que o estudo aborda muitas outras perspectivas, mas este gráfico abaixo é revelador. O time dos que “ignoram o conteúdo falso” é maior do que o dos que “reportam o conteúdo” e ao ignorar e não reportar, parte das pessoas acabam permitindo uma maior disseminação de fake news de um tema sensível e vital.
Esta apatia é tão prejudicial como o próprio compartilhamento, pois o ato de reportar torna-se um aliado importante na divulgação das fake news.
Se quiser mergulhar neste estudo e também tirar seus próprios insights, vocês pode encontrá-lo no link abaixo:
* Todos os gráficos deste artigo são da pesquisa "Mídia social e COVID-19: um estudo global de interação de crise digital entre a Geração Z e a Geração Y" feita pelo Pollfish. A pesquisa online com 23.500 cidadãos de 18 a 40 anos foi conduzida em 24 países - Argentina, Austrália, Brasil, China, Colômbia, Egito, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Marrocos, Nigéria, Peru, Filipinas, Rússia, África do Sul, Coreia do Sul, Espanha, Suécia, Turquia, Reino Unido, Estados Unidos com 1.000 respostas de cada país, exceto Coreia do Sul, com uma amostra de 500. Após verificação adicional, o número final de respostas é 23.483.