O mês de março de 2020 entrou para a História da Humanidade e será sempre lembrado como o início de uma pandemia que mudou e mudará para sempre nossos hábitos, nossa relação com a vida e, claro, com aquilo que fazemos no nosso dia a dia - inclusive como consumimos. Por isso, este mesmo mês de março do ano passado é também um marco para os estudos de comportamento do comércio eletrônico no Brasil e no mundo.
Estudo da empresa Conversion, uma das mais conceituadas empresas de SEO do País, publicado em abril/2021 (cobrindo de março do ano passado a março deste ano, portanto, um ano de pandemia) indica, por exemplo, que o “comércio eletrônico registrou, em março, mês que completa 1 ano de pandemia, 1,66 bilhão de acessos, o que marca um aumento de 40% em comparação ao mesmo período do ano anterior”. Se levarmos em conta que, segundo o IBGE, o PIB brasileiro encolheu no ano de 2020, com uma taxa de -4.1%, a força e a tração do e-commerce diante da pandemia não podem passar sem um olhar mais cuidadoso.
(Importante: imagens e dados deste artigo foram extraídos do Relatório E-commerce no Brasil Abril/2021 - Beta, da Conversion)
AINDA HÁ ESPAÇO PARA CRESCER
Ao demonstrar o desempenho do E-commerce no fim do ano passado, o índice MCC-ENET (desenvolvido pelo Comitê de Métricas da Câmara Brasileira da Economia Digital em parceria com o Neotrust | Movimento Compre & Confie) já mostrava um forte crescimento. Comparando dezembro de 2020 com o mesmo mês de 2019, a alta chamava a atenção: 53,83%. Em termos de valores gastos pelos consumidores, o índice também revela um percentual de crescimento: 55,74%.
Mas para entender melhor este fenômeno, é preciso fazer algumas ponderações para que depois possamos buscar insights.
A primeira ponderação é que o e-commerce ainda está longe de alcançar todo o seu potencial. Ele cresceu na pandemia, mas ainda pode crescer muito mais com a entrada de novos vendedores e novos consumidores.
A segunda ponderação eu falei num outro artigo aqui na comunidade: no e-commerce, o brasileiro é o cliente da jornada Omnichannel. A maioria? Não, mas os novos “entrantes” sim, até por isso há um crescimento enorme de Casas Bahia (113%) e Magazine Luiza (62%) no “ano sobre ano” - dos varejistas já com presença digital antes da pandemia e que usam suas lojas físicas e logística para entrega de produtos.
A terceira ponderação é que, apesar de confinados, estamos com menos dinheiro no bolso e com baixa perspectiva de retomada de uma economia pré-pandemia - algo que não vai ocorrer porque já adotamos novos hábitos de convivência e em especial de trabalho que dificilmente voltarão à realidade anterior.
ALGUNS INSIGHTS
✔ Pelo estudo da Conversion, em um ano de pandemia como falamos no início do artigo, o comércio eletrônico atingiu a marca de 1,66 bilhão de acessos, um crescimento de 40% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Poderia ser mais? Talvez, mas estudos sobre o crescimento projetado nos Estados Unidos e Europa, por exemplo, indicavam um crescimento em torno de 32% no geral. No cenário europeu, como referência, somente Espanha e Bélgica ultrapassaram a faixa dos 40% (Statista, 2021).
✔ Os setores que mais cresceram chamam a atenção no "Ano Sobre Ano" - Pet (+88,04%), Casa & Móveis (+86,62%) e Farmácia & Saúde (+65,22%). Mas o maior crescimento mesmo foi o do setor de Importados (91,72%), porém, aqui há uma ponderação - a entrada do Shopee e da Shein. Estas entradas e seus respectivos crescimentos, mostram claramente: há sim espaço para crescimento do e-commerce no Brasil em geral e essas plataformas mostraram que isso era possível e ainda é.
✔ Um dado que a pesquisa da Conversion apresenta e que no meu trabalho diário de Analytics também aparece, é o incrível crescimento do comércio eletrônico em dispositivos móveis via aplicativo ou navegador. No Relatório da Conversion, 66,5% das visitas a e-commerce vieram de dispositivos móveis e, neste ponto, não há um só setor do comércio eletrônico que não tenha a maioria de acessos por dispositivos móveis, como é possível ver na imagem abaixo.
✔ O brasileiro no e-commerce sabe muito bem de quem comprar e procura canais diretos de compra, conforme mostram os dados de fontes de tráfego. Ao mesmo tempo, é possível notar o poder dos aplicativos que, na verdade, são marketplaces como Mercado Livre, Magalu, Amazon, Casas Bahia, Shopee e outros (prevalecendo aqui como Direto). Por incrível que pareça, a única marca exclusiva entre as maiores lojas eletrônicas em vendas no país é a Samsung. Mas a busca orgânica tem um papel decisivo na jornada do cliente digital e aparece logo em seguida. Assim, se contarmos que o tráfego direto pode ser distorcido pela presença de aplicativos de marketplace, a busca orgânica é o maior canal de tráfego livre do e-commerce no Brasil.